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Mulher da semana: Noa

por Henrique Monteiro, em 05.10.08

 

Texto de Priscilla Santos

 

Ao final dos anos de 1960, grande parte da América e da Europa vivia sua revolução contra-cultural cheia de palavras libertárias e libertinas, de demandas igualitárias e, principalmente, de arte. Mas, alheios a esses ares incríveis que hoje seriam nostálgicos, os países árabes mergulhavam mais e mais em toda série de conflitos políticos e militares que transformariam a região num conglomerado de mágoas e mortes. Foi nesse período que a família de Achinoam Nini retirou-se de seu país, o Yemen, tentando deixar para trás uma violenta guerra de ocupação. Ela nasceria em Tel-Aviv, Israel, pouco depois da Guerra dos Seis Dias, um combate que deixaria mais de 20 mil mortos.

 

Achionoam Nini adotara o nome Noa nos Estados Unidos, um apelido para lhe simplificar seu nome quase impronunciável. Na nova migração familiar, foram integrar a comunidade judaica que crescia sem parar no bairro do Bronx, em Nova Iorque. Aos três anos de idade, já cantava suas primeiras canções, de palavras incompreensíveis e, antes da pré-adolescência, já compunha. Fala daquela época com nostalgia e carinho, mas não se pode pensar que a sua volta para Israel aos dezessete anos tenha sido para ela um terrível episódio. Noa, mesmo longe, procurava sempre estar envolvida com as complicadas questões políticas que se desenrolavam no Oriente Médio e, junto com seu senso político, fora prestar os anos obrigatórios de serviço no exército de seu país.

 

Dois anos depois, de volta à América, Noa matriculou-se na Rimon School onde iniciou seus estudos como musicista e acabou conhecendo o multi-instrumentista Gil Dor, quem se tornaria seu parceiro de composições e produções até os dias de hoje.

 

nfluenciada por artistas americanos como Paul Simon, Leonard Cohen e pelos sons de sua terra ancestral, Noa amadureceu sua escrita emocional e, junto com Gil, começou a construir uma sonoridade que flerta com o rock, o pop e as raízes do jazz. Em 1991, a dupla lançou o primeiro álbum Achinoam Nini and Gil Dor Live , em hebraico. O por que de um album ao vivo? Para mim, nada se compara a me apresentar ao vivo, o público tem do artista só o que é verdadeiro nele.

 

Com o disco “Noa” seria um pouco diferente, foi lançado internacionalmente, em estúdio e, nele ganhava mais autonomia sendo mais cantora solo que a parceira de Gil. Com este, tornou-se conhecida. O fato da maioria das músicas serem em inglês facilitou a disseminação do trabalho e, a partir de então, viria todo um imparável processo repleto de êxitos. Porque firmava cada dia mais como uma artista israelense com voz mundial, Noa fora convidada para uma performance durante uma marcha popular em Tel-Aviv que comemorava o avanço das negociações entre o Estado de Israel e a Palestina. Em 4 de Novembro de 1995, durante aquela manifestação, o presidente Yitzhak Rabin seria assassinado.

 

“Calling” seria um disco nascido do choque e desilusão com aquele dia : “How can we live with anguish and fear / How can we shelter all that is dear”, questiona a canção, U.N.I.. Todas as outras seguem uma mesma veia política, que, infelizmente, não agradou muito aos que queriam ouvir uma continuidade de sua obra. Como um despertar da melancolia do Calling, os discos que se seguiram pareceram nascidos de um fôlego retido e a obra prima Blue Touches Blue, de 2000, era o auge do que Noa havia feito nos anos anteriores, unindo seu pop à música clássica e atraindo colaborações com o U2, The Cure e Siouxsie and the Banshees. Naquele ano, participou das comemorações do Jubileu do Ano 2000 em uma apresentação para o Papa João Paulo Segundo e, a partir daí, foi efetivada como cantora nos concertos de Natal da Santa Sé e, nessa altura, já dominava o piano, o violão e a percussão – inclusive, costuma usar batidas no próprio corpo como instrumento. Algum tempo depois casou-se e, com os filhos desse relacionamento, com a sua nova família, mudou-se definitivamente para Israel.

 

Fazendo de sua música seu engajamento político, Noa procura colaborar junto a outros artistas e ativistas. Compreende que as dificuldades são imensas e que a música não será a salvação de tudo, mas faz sua parte empregando um dom que lhe foi dado na transformação do mundo daqueles que a ouvem naquele momento e que, no laço da canção, podem estar com ela numa passionalidade e esperança únicas.

 

Texto e desenho no Obvious.

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1 comentário

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De mi a 05.10.2008 às 20:11

Fui ver no You Tube imagens da senhora, pois confesso não a conhecia .Está como sempre um excelente cartoon. Com todo as diferenças entre ambas achei-a parecida com M. Bethtânia .

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